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A violência na educação do século XX em 3 obras que você precisa ler e assistir

Você já imaginou como era a educação das crianças na primeira metade do século XX? Elas aprendiam da mesma forma que nós hoje? Quais eram os castigos e violência por parte dos professores e dos pais?


Neste post, vamos explorar como a literatura e o cinema retrataram a educação no século XX, especialmente na Espanha, no Brasil e na Alemanha. Vamos analisar três obras que mostram como a educação era pautada em processos violentos, tendo como premissa castigos físicos para a formação em casa e também no ambiente escolar. São elas:


  • O filme “La lengua de las mariposas” (1999), dirigido por José Luis Cuerda, baseado em contos de Manuel Rivas;

  • O romance “Doidinho” (1933), escrito por José Lins do Rego, que faz parte do ciclo da cana-de-açúcar;

  • O conto “Paul Bereyter” (1992), escrito por W. G. Sebald, que integra o livro “Os emigrantes”.

Essas obras nos permitem refletir sobre a problemática da violência na educação das crianças, que revela suas raízes na herança europeia, notadamente na colonização portuguesa que marcou a história do Brasil.


Os homens que, em solo europeu, submetiam as crianças e mulheres a maus-tratos e punições foram os mesmos que, posteriormente, estabeleceram famílias no “novo mundo” brasileiro. Esse legado de violência influenciou as condutas futuras dessas crianças à medida que se tornaram adultos, desencadeando um ciclo nocivo de reprodução da cultura da agressão e da violência.


A educação no Brasil do século XX


No Brasil, a imposição de castigos como método educativo, enraizada na herança europeia, tornou-se parte integrante do sistema educacional brasileiro, contribuindo para a formação de uma cultura que, infelizmente, muitas vezes utiliza a violência como meio de disciplina, refletindo assim a influência persistente da colonização europeia na educação infantil no Brasil do século XX, período bem próximo à abolição da escravatura no Brasil.


No Brasil, durante o período de 1850 a 1855, quando Dom Pedro II implementou os primeiros regulamentos, no mobiliário escolar incluía obrigatoriamente uma palmatória e um armário conhecido como “casa de suar” em cada escola. A palmatória era um instrumento de madeira com um buraco no meio, usado para bater nas mãos das crianças que cometiam erros ou desobedeciam às regras. Já a “casa de suar” era um pequeno compartimento escuro e abafado, onde as crianças eram trancadas como forma de castigo.


Embora relatos de violência escolar tenham se tornado mais raros nas últimas décadas, ainda existem registros nos anos 80 e 90, no final do século XX, evidenciando como a mentalidade predominante ainda se apegava à ideia de que o respeito e a aprendizagem só poderiam ser alcançados por meio de punição física.


professor agride aluno


A educação na Espanha do século XX


Na Espanha, a situação não era muito diferente. O filme “La lengua de las mariposas” retrata a vida de Moncho, um menino de sete anos que vive na Galícia, no ano de 1936, às vésperas da Guerra Civil Espanhola. Moncho tem medo de ir à escola, pois acredita que os professores batem nos alunos. Ele questiona o seu pai e irmão se eles apanhavam na escola, os mais velhos respondem que sim, afinal essa era a forma que funcionava. O medo de Moncho é tanto que a criança urina nas calças em frente a toda a turma no primeiro dia de aula.


No entanto, Moncho tem sorte de ter como professor Don Gregorio, um homem bondoso e sábio, que ensina os alunos com amor e respeito, despertando neles a curiosidade e a paixão pelo conhecimento. Don Gregorio mostra a Moncho as maravilhas da natureza, da literatura, da música e da língua galega, que era proibida pelo regime franquista.


Mas nem todos os pais concordam com o método de Don Gregorio. Em uma cena do filme, o pai de um aluno reclama que o filho ainda não sabe fazer contas e precisa que o professor use de mais violência para que a criança aprenda. Para agradar o professor, leva duas galinhas, como prendas, pelo serviço que seria realizado.


O filme mostra como a educação pode ser um instrumento de libertação ou de opressão, dependendo da postura dos educadores e da sociedade. Don Gregorio representa a esperança de uma educação humanista e democrática, que valoriza a diversidade e a criatividade, mas que é ameaçada pelo fascismo e pela intolerância.


A educação na Alemanha do século XX


Na Alemanha, a educação também foi marcada pela violência e pelo autoritarismo, especialmente durante o nazismo. O conto “Paul Bereyter” de W. G. Sebald narra a história de um professor alemão de escola primária com raízes familiares ligadas a uma mãe judia. Bereyter é um homem culto e sensível, que gosta de ensinar os alunos com métodos inovadores e lúdicos, como jogos, brincadeiras, passeios e leituras.


No entanto, ele sofre com a perseguição e a discriminação por parte dos colegas, dos superiores e dos pais dos alunos, que o consideram um traidor e um inimigo. Ele é obrigado a se afastar da escola em 1938, após a promulgação das leis raciais de Nuremberg, que proibiam os judeus de exercerem cargos públicos. Ele só retorna à escola em 1945, após o fim da guerra, mas nunca recupera a alegria e a confiança de antes.


O conto revela como a educação foi usada como um meio de propaganda e de doutrinação pelo regime nazista, que impunha aos professores e aos alunos uma visão de mundo baseada no ódio, na violência e na exclusão. Bereyter representa a resistência de uma educação que busca a formação integral e crítica dos indivíduos, mas que é silenciada e sufocada pela tirania e pelo terror.


Conclusão


A literatura e o cinema são formas de arte que nos permitem conhecer e compreender diferentes realidades e épocas. Ao analisarmos as obras que retratam a educação no século XX, podemos perceber como a violência foi uma prática comum e aceita em muitos contextos, mas também como alguns educadores se opuseram a ela e buscaram formas alternativas de ensinar e aprender.


Podemos aprender com essas obras a valorizar a educação como um direito humano fundamental, que deve ser baseada no respeito, na cooperação, na diversidade e na emancipação. Podemos também nos inspirar nos exemplos de Don Gregorio, de Doidinho e de Paul Bereyter, que nos mostram como a educação pode ser uma fonte de prazer, de beleza e de esperança.


E você, o que pensa sobre a educação no século XX? Você já leu ou assistiu a alguma dessas obras? Você conhece outras obras que abordam esse tema?


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